Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

18.11.09

Acendera o cigarro. De forma elegante os dedos aproximavam-se dos lábios que faziam lembrar um beijo. Assim fumava. A postura teatral era também ela genuína e sorria; sorria distante por conveniência nos silêncios sobre a mesa.

Mudara muito nos últimos anos e ele sabia-o. Quando a conhecera, há coisa de dois meses, o olhar denunciara-a. Encontrara nas artes um conforto e um descanso que apaziguavam a solidão; aquela que lentamente a consumia. Quanto cativantes: o fascínio a paixão, o horizonte tão irrealista, inalcançável.

O cinema era a representação máxima dessa mesma personalidade. Deixava-se dissolver nas histórias ficcionais e nos diálogos perfeitos e nos diálogos imaginados e num mundo inexistente em que tudo - de uma forma ou de outra - encaixava. No entanto, quando em contraste, a vida parecia-lhe demasiado cinzenta. Já não se dissolvia. Histórias, diálogos, cansativos, superficiais: um mundo em que tudo, de uma forma ou de outra, separava.

Os cabelos demoravam-se-lhe sobre os ombros e com ela o mar estava perto mas não se ouvia.

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