Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

4.3.11

que livrem o teu corpo da doença que se espalha.
mas que ela não se espelhe nos teus olhos
magoados pela tosse
cansados,
cansados.

que se renove com o tempo a esperança
e que nos una, não a morte, mas a vida.
agarra: feroz,
a areia do tempo
que numa manhã fria de março
lentamente se solta entre os dedos.

mas calma, calma.
a areia é apenas uma rocha desgastada
já cansada, refinada,
feita fina pelo vento,
pelo sal, pelo mar,
tal como nós: o tempo.
encontra conforto num suspiro,
no calor do sol,
no silêncio ou na entrega,
no possível.

entrega-te à vida e não ao bicho que te come,
que se espalha.
a nós come-nos o tempo e esse chega sem aviso
ou quando chega já vem tarde.

que livrem o teu corpo da doença que se espalha
mas que ela não se espelhe nos teus olhos
magoados pela tosse.

2.3.11