Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

27.6.09

Pressão





Quando apenas funcionas bem sobre pressão tens um problema grave quando apenas funcionas bem sobre pressão tens o meu problema quando apenas funcionas bem sobre pressão e isso afecta as tuas relações o teu trabalho o teu empenho a tua disposição a tua rotina o teu sono e a tua vida tens um problema porque quando a pressão não existe ficas normalmente, desmotivado.

Quando apenas funcionas bem sobre pressão é sinal que já lhe tomaste o gosto e torna-se quase tão difícil viver sem ela como ler este texto sem pontuação absolutamente nenhuma e conseguir perceber que esta frase já não faz parte da próxima pressão é no fundo essencial é o estimulo que te carbura é a força motriz que te conduz

O problema é que, quando a pressão desaparece, tudo o que é simples torna-se complicado.

Apesar de as coisas serem mais equilibradas, organizadas e ponderadas; sem pressão, tudo se torna entediante, adiável e previsível.

14.6.09


Before the world was made





If I make the lashes dark
And the eyes more bright
And the lips more scarlet,
Or ask if all be right
From mirror after mirror,
No vanity's displayed:
I'm looking for the face I had
Before the world was made.

What if I look upon a man
As though on my beloved,
And my blood be cold the while
And my heart unmoved?
Why should he think me cruel
Or that he is betrayed?
I'd have him love the thing that was
Before the world was made.



photo(josef koudelka)
poem(y.b.yeats)

13.6.09

Nietzsche matinal

Acendeu outro cigarro que fumou com desprezo e sem prazer. Não tinha dormido. O ar fresco da manha entrava timidamente pela janela. Repudiava-o. Ouvia repetidamente uma musica deprimente cuja letra nunca conseguira entender. Provavelmente, nem quem a escreveu percebe. Mas quando és artista, qualquer merda sem sentido torna-se profunda; pensou.

A sua melancolia forçada enterrava-o cada vez mais contra a almofada. A falta de postura fascinava-o. Um verdadeiro niilista de ocasião. E se Deus tinha mesmo morrido, Ele jazia agora ali; a fumar entediadamente a seu lado.

Há varias horas que devia estar a dormir. Sabia que os compromissos do dia seguinte não iam esperar por ele. Que se foda. Grunhiu ao mesmo tempo que sorria em tom provocante. Que se fodam os horários, os pequenos-almoços, que se fodam as expectativas e os resultados, que se fodam os hipócritas, os cultos, os reservados ou os activos, os saudáveis e as rotinas. Que te fodas tu que estás a ler este texto e a pensar que não devia ter usado esta palavra. Que se foda.

Riu mais uma vez e acendeu outro cigarro. Sentiu-se ensonado mas não podia dormir. Não agora.