Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

24.11.09

And what are you reading?

Na minha terceira noite em Florença fui até um café perto de minha casa, a esplanada estava praticamente vazia. Ao sentar-me reparo numa rapariga muito bonita que lia um livro sobre a cidade. Parece francesa, pensei. Algum tempo depois uma senhora desata aos gritos na rua; sem deixar fugir o pretexto perguntei:

- Hey, do you know what she’s saying?
- Hmm i think she’s crazy
- I think so too.

Voltei ao meu capucino. Passados cinco minutos viro-me novamente para a sua mesa:

- And what are you reading?

E a conversa continuou; continuou. Nessa noite andámos pela cidade a tirar fotografias e, durante esse ano, a tal rapariga que parecia Francesa mas afinal era Alemã, tornou-se a pessoa mais importante do meu erasmus. Apesar de não vivermos no mesmo país é com ela com quem mantenho mais contacto; é das poucas pessoas que me são verdadeiramente próximas.

Hoje, dois anos mais tarde, ocorreu-me: A frase “What are you reading?” fez toda a diferença; uma conversa de café mudou aquele ano e tudo o que veio depois. Florença mudou a minha vida. Uma ida ao café mudou a minha vida. Uma senhora louca que gritava na rua mudou a minha vida. Uma frase mudou a minha vida. O acaso mudou a minha vida.


Quantos acasos assim passarão todos os dias por mim despercebidos?

18.11.09

Acendera o cigarro. De forma elegante os dedos aproximavam-se dos lábios que faziam lembrar um beijo. Assim fumava. A postura teatral era também ela genuína e sorria; sorria distante por conveniência nos silêncios sobre a mesa.

Mudara muito nos últimos anos e ele sabia-o. Quando a conhecera, há coisa de dois meses, o olhar denunciara-a. Encontrara nas artes um conforto e um descanso que apaziguavam a solidão; aquela que lentamente a consumia. Quanto cativantes: o fascínio a paixão, o horizonte tão irrealista, inalcançável.

O cinema era a representação máxima dessa mesma personalidade. Deixava-se dissolver nas histórias ficcionais e nos diálogos perfeitos e nos diálogos imaginados e num mundo inexistente em que tudo - de uma forma ou de outra - encaixava. No entanto, quando em contraste, a vida parecia-lhe demasiado cinzenta. Já não se dissolvia. Histórias, diálogos, cansativos, superficiais: um mundo em que tudo, de uma forma ou de outra, separava.

Os cabelos demoravam-se-lhe sobre os ombros e com ela o mar estava perto mas não se ouvia.

Quoteversation [Britney & Shakespeare]

Shakespeare: Assume a virtue, if you have it not.

Britney Spears: I did not have implants! I just had a growth spurt...

Shakespeare: Our bodies are our gardens to which our wills are gardeners.

Britney Spears: I'm attracted to guys who are really confident and make conversation…

Shakespeare: The trust I have is in mine innocence, and therefore am I bold and resolute.

Britney Spears: I don't like defining myself. I just am.

Shakespeare: Lord, what fools these mortals be!

Britney Spears: The music business has let me touch a lot of people with my talent!

Shakespeare: Give thy thoughts no tongue.

13.11.09

Quoteversation [Gandhi & Nietzsche]

Gandhi: Action expresses priorities

Nietzsche: Character is determined more by the lack of certain experiences than by those one has had.

Gandhi: A man is but the product of his thoughts. What he thinks, he becomes.

Nietzsche: Man is the cruelest animal

Gandhi: Even if you are a minority of one, the truth is the truth.

Nietzsche: All credibility, all good conscience, all evidence of truth come only from the senses.

Gandhi: I believe in the fundamental truth of all great religions of the world.

Nietzsche: I would believe only in a God that knows how to Dance.

Gandhi: If I had no sense of humor, I would long ago have committed suicide.

Nietzsche: In heaven, all the interesting people are missing.

Gandhi: My life is my message.

Nietzsche: Regarding life, the wisest men of all ages have judged alike: it is worthless.

Tom Waits - Make It Rain

Postzinho

Vendo bem as coisas, nós temos algumas características que são exclusivamente Lusitanas, que são só nossas. E não, não vos vou falar da saudade, do fado, dos pastéis de Belém ou do carinho imenso que o Saramago nutre pela Bíblia (leia-se, pela medíocre arte da auto-publicitação). Hoje, amiguinhos, vamos debater a exagerada propensão ao uso de diminutivozinhos, diminutivozitos e diminutivozecos.

Eu próprio, Nuninho de bom-nome, já inconscientemente transformo toda e qualquer palavra numa coisa fofinha! Ora reparem, basta chegar ao café que somos imediatamente metralhados com um emaranhado de “inhos”, "itos" e "ecos".

- Está bomzinho? Que vai tomar? Cafezinho? E o trabalhinho? Está com ar cansadito… coitadinho! Leve as coisas com calminha! Ali o meu joãozinho, pobrezinho, desde pequenito que se queixa de ser gordinho, sempre suadinho… que amorzinho!

Fiz agora uma pausa para vomitar. Mas se pensarem bem na coisinha, este hábitozito vincadinho de colocar um sufixozinho em tudinho que mexe, apesar de ser um bocadinho irritantezinho, já se tornou um elementozinho comum na nossa linguazinha; unha com carne.

Aparentemente, com uma tendência tão acentuada para diminuir, demonstrar afecto e suavizar cada palavra, é de espantar que acabemos, na realidade, por ser o completo oposto. Sisudos, fechados e inacessíveis.

Desculpem. Sisudinhos, fechaditos e inacessíveizecos.


(Maior atentado contra a Língua Portuguesa que este post, só mesmo o novo acordo ortográfico).