Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

22.11.10

Agora perdi-me, estou perdido: como um poema que exige ser relido lentamente. Bastou um sorriso seu para o mundo tremer, e por favor acreditem: apenas um. Os copos ferviam enquanto o chão se rasgava por entre fendas e eu, apavorado por aquilo que agora me consumia, tentava manter o equilíbrio. Ela não notou.

Mais tarde reparei que a sua presença preenchia a sua ausência, por mais impossível que isto vos possa parecer. Cheguei mesmo a segredar-lhe num olhar qualquer que isto nunca me acontecera. Ela não notou.

Dou-me por satisfeito, cobarde. Submeto-me a esta dependência voluntária mas abdico da erosão do tempo, do hábito. Sinto e escrevo sem vergonha, guiado pela mesma luz que me ofusca. Enquanto espero, fervo, procurando manter o equilíbrio neste chão que me foge.

Talvez um dia ela repare.

31.5.10

A Taxonomia do Facebook

Visto que não se fala de outra coisa, pois 500 milhões de macacos já lá andam a pular de galho em galho, vamos também debater o tema mais debatido dos últimos meses: O FAAAAAAACEBOOK.

Mas este não será um mero texto opinativo. Já dizia o nosso amigo kerouac, “Great things are not accomplished by those who yield to trends and fads and popular opinion”. Este texto vai revolucionar a vossa visão do facebook. Vamos discernir toda uma taxonomia de espécies e subespécies nesta tão engraçada comunidade.

Índice:
  1. O Psicopata
  2. O Levei com os pés
  3. O Anti-Facebook
  4. O Pseudo-Intelectual
  5. A Estúpida
  6. O Familiar
  7. O Papa grupos


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1. O Psicopata


Amigos: + de 500
Fotos: + de 300
Posts por dia: + de 5

Trademark:

  • Uma foto de perfil em tronco nu com várias semelhanças ao mitch buchannon
  • Cada música colocada vem com uma descrição original que varia entre: “CA GRANDA SOM” ou “QUEM NÃO GOSTA DISTO É UM OTARIO HEHE”
  • É possível conhecer a integra tudo o que o este bicho gosta, desgosta, faz, não faz, devia ter feito, vai fazer, gostava de fazer, e irá fazer, o que come, o que pensa (agora fui irónico..), onde vai, com quem vai, quando vai e porque vai

Nº médio de psicopatas por cada 100 amigos: 6

Ponto positivo: Estas criaturas apresentam uma visão crítica e complexa da sociedade, sendo inclusive capazes de fazer sátiras perspicazes e pertinentes como “O mundo está cheio de idiotas” (e de espelhos também..) ou “Hoje está imenso calor”

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2. O “Levei com os pés

Amigos: + de 100
Fotos: De 10 a 10000 (todas dele/a próprio)
Posts por dia: + de 1

Trademark:

  • Esta pessoa levou com os pés e, como gostou, continua a dar cabeçadas na parede, passando a vida a fazer posts subtilmente (ou não) dirigidos a um indivíduo que se está completamente a borrifar para a sua existência
  • Na foto de perfil está pensativo
  • Cada musica é sempre uma musica de amor (que bonitinho), e a descrição é uma parte da letra. Ex: “I USED TO LOVE YOU SO MUCH! AND I STILL DO, SHIT!”

Nº médio de “Levei com os pés” por cada 100 amigos: 25

Ponto positivo: Estas pessoas conhecem provavelmente todas as músicas que já foram feitas até hoje a retratar o fim de uma relação

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3. O Anti-Facebook

Amigos: De 10 a 90
Fotos: De 0 a 5
Posts por dia: 0

Trademark:
  • Não tem foto de perfil
  • Não faz posts no facebook
  • Não gosta do facebook
  • Não quer estar no facebook
  • Está no facebook

Nº médio de “Anti-Facebook” por cada 100 amigos: 15

Ponto positivo: É muito cómico

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4. O Pseudo-Intelectual

Amigos: + de 150
Fotos: + de 30
Posts por dia: + de 2

Trademark:

  • Só faz posts com musicas/filmes/frases que ninguém conhece (e provavelmente pouca gente quer conhecer..)
  • Tem fotos altamente artísticas e sempre com ar sério e profundo e desconhece sempre que está a ser fotografado (muitas vezes por ele próprio)
  • Julga-se elitista e demonstra sempre muito conhecimento (WIKIPEDIA I LOVE YOU) a cada post/comentário

Nº médio de “Anti-Facebook” por cada 100 amigos: 9


Ponto positivo: Têm geralmente amigas jeitosas

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5. A estúpida

Amigos: 80 345 890
Fotos: 10 234
Posts por dia: De 1 a 20

Trademark:

  • É estúpida. E egocêntrica e convencida
  • Faz o mesmo sorriso fútil em todas as fotos
  • Adora dizer que sai à noite e que apanha bebedeiras

Nº médio de Estúpidas por cada 100 amigos: 26

Ponto positivo: Não há

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6 . O Familiar

Amigos: De 6 a 80
Fotos: De 1 a 10
Posts por dia: 0 a 1

Trademark:
  • Não sabe mexer com o facebook
  • Tem fotos minúsculas no perfil, que ficam ainda mais pequenas quando se visualizam
  • Controla a actividade dos filhos

Nº médio de Familiares por cada 100 amigos: 3

Ponto positivo: Gostamos muito deles

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7. O papa grupos

Amigos: +250
Fotos: +50
Posts por dia: de 1 a 3

Trademark:
  • O papa grupos gosta disto!
  • O papa grupos gosta disto!
  • O papa grupos aderiu ao grupo “PAPO TODOS OS GRUPOS”
  • O paga grupos gosta disto!
  • O papa grupos aderiu ao grupo: “QUANDO TINHA 1 ANO USAVA FRALDAS LOL”

Nº médio de papa grupos por cada 100 amigos: 46

Ponto positivo: Têm um gosto bastante eclético

adormecer

na intermitência do desejo
eu revejo o pensamento
entre palavras eu bocejo
xxxxxxxxxxxxxx[encolho os ombros. consentimento]
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.xxx[com sentimento?]

o silêncio é meu
mesmo no meio do barulho
ensurdece-me a ausência
de conteúdo no cinzento


difuso. vozes.
xxxxxxxxxxxxxxHAHA
xxxxxxxxxxxxxxAXXHAAMMMM

não percebo/não me afasto
- recebo, desejo.


entre lábios encarnados
encarnada a personagem
entre seios decotados
encantada redobrada
mal passada
xxxxxxxxcamisa, camisa.

na mesa as flores
fuligem, ferrugem,
somos copos de cerveja
xxxxxxxxxxxxxxx[ao do bar ninguém o beija]


e a [minha]
xxxxxxxxxmente
xxxxxxxxxxxxxxboceja

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxAHHHHHM

adormeço outra vez

desaparece

no reflexo do meu copo
te vi reflectida
no reflexo da minha vida
te desejei ver esquecida
desaparece, por favor.
no contorno do teu sorriso
no jeito do teu cabelo
nas palavras sem nexo
sem ti, assim, esqueci
desaparece.
acaba, morre, não existas,
por favor, assim te peço,
gostava de nunca te ter conhecido.
consumi o que sinto até
ter desaparecido, mas
não desapareceu.
porquê?
apago o candeeiro
mato o cigarro no cinzeiro
mas não consigo apagar-te
no nevoeiro.
não consigo deixar-te sair.
não consigo fingir.
morre.
não te suporto mais aqui.
a cada frase
a cada olhar
a cada palavra
porque és o encanto na noite?
porque és o azar na sorte?
morre
desaparece.
estou cansado de ti
estou cansado de ti
bebo-te até ao fim
risco-teEX=\\09X&&XXXXXXXXXXXXXXXXX|||XXXXXXX|XXXX
até que desapareças
desaparece
desaparece
desap

19.1.10

Francis Bacon



My painting is not violent; it’s life that is violent.





I paint for myself. I don’t know how to do anything else, anyway. Also I have to earn my living, and occupy myself.




Picasso was the first person to produce figurative paintings which overturned the rules of appearance; he suggested appearance without using the usual codes, without respecting the representational truth of form, but using a breath of irrationality instead, to make representation stronger and more direct; so that form could pass directly from the eye to the stomach without going through the brain.




Images also help me find and realise ideas. I look at hundreds of very different, contrasting images and I pinch details from them, rather like people who eat from other people’s plates.




I have been lucky enough to be able to live on my obsession. This is my only success.





It (painting) can be as violent as fucking, like an orgasm or an ejaculation. The result is often disappointing, but the process is highly exciting.

paris




Tirada em Paris há alguns anos. Não costumo gostar das fotografias que tiro, mas ainda bem que toda a regra tem a sua excepção.

13.1.10

Uma questão de estilo

Em 1957 Sidney Lumet fez um filme de 96 minutos com doze actores numa sala. Cerca de dez anos mais tarde Bergman, com apenas quatro actores, realizou “Persona”. Foram filmes que marcaram o cinema e que se distinguiram, não graças a um orçamento milionário, produção megalómana ou mise-en-scène elaborada; mas porque tinham uma ideia original.

Fast-forward até aos dias de hoje. James Cameron gasta $280,000,000 dólares para fazer uma versão 3D da pocahontas (ver imagem) e o filme tem um sucesso abismal. Don’t get me wrong; os efeitos especiais estavam bons e eu até acho que os óculos 3D me dão um certo estilo; mas de resto, considerar “Avatar” um filme medíocre é mais do que um elogio.

A cereja no topo do bolo deu-se quando hoje no jornal li um artigo sobre como uma serie de pessoas tinham ficado deprimidas, considerando inclusive o suicido, depois de ver o filme e o maravilhoso e inalcançável mundo dos Na’vi. Semanas antes, a crítica chegava ao ridículo de comparar Avatar ao The Jazz Singer (o primeiro filme com som sincronizado). Heresia.

Mas como criticar por criticar não basta, vou fundamentar. O filme parte de um leque imenso de personagens tipo: o coronel mauzão, o chefe greedy que até tem rasgos de sensibilidade, o personagem principal que é um atrasado mental mas afinal até tem bom coração, o colega invejoso, etc; para entrar num emaranhado de 162 minutos de demagogia (leia-se narrativa). O humor é imediato, o guião foi escrito pelo meu primo de 14 anos, a trama previsível e suposta moral da história (os humanos são seres maus e gananciosos que destroem tudo à sua volta - mas o amor vence sempre) leva um post-it na testa onde se pode ler “subtileza precisa-se”.

Se este filme salvar de facto Hollywood isto significa duas coisas para mim:

1) Vou ter sempre muito gosto em ir ao cinema para exacerbar o meu estilo com os óculos 3D.
2) Vou detestar ir ao cinema para ver filmes que, em prol de uma apresentação visual XPTO (ou falta de engenho do realizador), colocam de lado qualquer tipo de conteúdo, originalidade ou substância.


11.1.10

2000<- ... ->2009

Para não fugir à moda, aqui fica a minha lista de melhores filmes e álbuns da década; apenas uma compilação do que eu mais gostei nestes passados dez anos. Valendo pelo que vale, aqui fica.


Top 20 Filmes:





















1) Spring, Summer, Autumn, Winter... and Spring (Ki-duk Kim - 2003)
2) In The Mood For Love (Kar Wai Wong - 2000)
3) Oldboy (Chan-wook Park – 2003)
4) Dogville (Lars Von Trier - 2003)
5) Requiem for a Dream (Darren Aronofsky – 2000)
6) Mulholland Dr. (David Lynch – 2001)
7) Dare Mo Shiranai (Nobody Knows) (Hirokazu Koreeda – 2004)
8) Waking Life (Richard Linklater – 2001)
9) Coffee and Cigarettes (Jim Jarmusch – 2003)
10) Cidade de Deus (Fernando Meirelles – 2002)
11) Sen to Chihiro no kamikakushi (Spirited Away) (Hayao Miyazaki - 2001)
12) Lost In Translation (Sofia Coppola – 2003)
13) The Pianist (Roman Polanski - 2002)
14) Entre Les Murs (Laurent Cantet – 2008)
15) Låt den rätte komma in (Tomas Alfredson - 2008)
16) There Will Be Blood (Paul Thomas Anderson -2007)
17) Memento (Christopher Nolan – 2000)
18) Das weisse Band - Eine deutsche Kindergeschichte (White Ribbon) (Michael Haneke - 2009)
19) Juno (Jason Reitman - 2007)
20) Man On Wire (James Marsh – 2008)




Top 20 Álbuns:













1) Radiohead – In Rainbows (2007)
2) Modest Mouse – The Moon & Antárctica (2000)
3) Cocorosie – La maison de mon rêve (2004)
4) The Black Keys - Rubber Factory (2004)
5) The Strokes – Is This It (2001)
6) Bon Iver – For Emma, Forever Ago (2008)
7) The Shins – Oh, Inverted World! (2001)
8) The Knife – Silent Shout (2006)
9) Arcade Fire – Funeral (2004)
10) Cocorosie – Noah’s Ark (2005)
11) Death Cab For Cutie – Transatlanticism (2003)
12) Beirut – Gulag Orkestar (2005)
13) Vampire Weekend – Vampire Weekend (2008)
14) Cat Power – You Are Free (2003)
15) Belle & Sebastian – The Life Pursuit (2006)
16) The Black Keys – Rubber Factory (2004)
17) Antony and the Johnsons – I am a Bird Now (2005)
18) Fleet Foxes – Fleet Foxes (2008)
19) The Kills – Midnight Boom (2008)
20) Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am, That's What I'm Not (2006)