Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

27.9.09

Um ano a apagar cabeças!

Para comemorar o centenário do meu blog vou disponibilizar o filme onde este pedaço de papel electrónico se inspirou:

Podem fazer o download ilegal clicando -> AQUI <-


26.9.09

They fuck you up


They fuck you up, your mom and dad.
They may not mean to, but they do.
They fill you with the faults they had
And add some extra, just for you.

But they were fucked up in their turn
By fools in old-style hats and coats,
Who half the time were soppy-stern
And half at one another's throats.

Man hands on misery to man.
It deepens like a coastal shelf.
Get out as early as you can,
And don't have any kids yourself.


Let This Be Verse - Philip Larkin

22.9.09

Short stories - O carro

Hoje, no príncipe real, quatro executivos com o seu fato a brilhar conversavam animadamente enquanto caminhavam no passeio. Em sentido oposto passava um carro com três pessoas lá dentro. Um miúdo, sentado na parte de trás, abre a janela e grita: - NÃO VÁS TRABALHAR!

Esse miúdo era eu.

21.9.09

Capacidade interrogativa

Estás a chegar a casa? Porquê? Já foste a faculdade? Vais amanhã? Porque não foste hoje? Já almoçaste? Que vais almoçar? Tens dinheiro? Quanto dinheiro? Vais ao senhor dos pregos? Vais agora? Que vais fazer a tarde? Vais dormir? Vais sair? Ficas aí hoje?


É inacreditável a quantidade de perguntas que uma mãe consegue fazer em trinta segundos. Quase que se equipara à quantidade de chineses com máquina fotográfica ao pescoço, que existe em Florença por metro quadrado.

16.9.09

Dan Witz



1979. Depois da morte do "subway graffiti", o objectivo da arte de rua era fazer o maior possível, o maior número de vezes possível, no local mais difícil possível (tantos possíveis, parece impossível). No meio de tudo isto, Dan Witz apareceu. Pintou cerca de quarenta minúsculos rouxinóis por Manhattan, com acrílicos e pequenos pincéis. Cada um demorava pelo menos duas horas a fazer.

It seems difficult to believe now but when cops or supers caught me I never got in trouble. In fact, usually when they saw I was painting a hummingbird they'd let me finish. - D.W.



15.9.09

Waking Life




Man on the Train: Hey, are you a dreamer?

Wiley: Yeah.

Man on the Train: I haven't seen too many around lately. Things have been tough lately for dreamers. They say dreaming is dead, no one does it anymore. It's not dead it's just that it's been forgotten, removed from our language. Nobody teaches it so nobody knows it exists. The dreamer is banished to obscurity. Well, I'm trying to change all that, and I hope you are too. By dreaming, every day. Dreaming with our hands and dreaming with our minds. Our planet is facing the greatest problems it's ever faced, ever. So whatever you do, don't be bored, this is absolutely the most exciting time we could have possibly hoped to be alive. And things are just starting

14.9.09

Relativity

Put your hand on a hot stove for a minute, and it seems like an hour. Sit with a pretty girl for an hour, and it seems like a minute. That's relativity.

- Albert Einstein

13.9.09

Short stories - O comboio

Cheguei ao cais do sodré e o comboio faz aquele "piii" de quem vai partir. Peço a um rapaz para me segurar na porta, vou a correr comprar o bilhete e entro. A carruagem estava cheia de velhotes estrangeiros mas havia quatro lugares vagos. Mal me sento a rapariga à minha frente diz: - "é melhor não te sentares aí".

Nisto caiem dois enormes pingos de agua, vindos do tecto que pingava incessantemente, em cheio na minha testa. Todos os velhotes que enchiam a carruagem desatam a rir aos altos berros, como quem estava à espera que aquilo acontecesse há vários minutos. Levantei-me com um sorriso trapalhão e fui-me sentar na carruagem seguinte.

12.9.09

E não estamos sozinhos

Ensopados no tédio mas florescemos nos detalhes. Apaixonados pelas curvas, pelos sorrisos, olhares e jeitos. Insatisfeitos, intransigentes. Movidos pela certeza e esperança de uma vida melhor, de um propósito. Rebeldes, destrutivos. Vivemos de noite. Sarcásticos, críticos, inertes. Punks e anarquistas de óculos e roupas escolhidas a dedo. Pensativos, imaturos, crianças que nunca conseguiram deixar de o ser. Criativos, divertidos, orgulhosos. Tudo bons rapazes.

Temos vinte e dois anos. Vislumbramos mais a teoria do que a acção e não nos perdoamos por isso. Vivemos com o pé a fundo no acelerador, sempre com a sensação de que ainda não saímos do mesmo sítio. Somos jovens e estúpidos. Julgamos ter o mundo a nossos pés. Ingénuos, redundantes. Não temos fé nos desistentes, quem ficou para trás, ficou. Não nos conseguiram acompanhar. Somos baratos, selectivos. Demasiado mimados por pais que gostam demasiado dos seus filhos.

Somos a alternativa, a nata. Somos a inconsciência de uma responsabilidade que continuamente adiamos. Somos o fascínio pela arte, pela música, por quem imitamos. Somos os ingredientes certos de um prato que não sabemos cozinhar, a promessa de algo mais. Somos ridículos. Ridículos porque pensamos assim, ridículos porque escrevemos estes textos. Somos ridículos porque vamos para a praia fumar e tentar descobrir um sentido, uma razão. Somos ridículos e rimo-nos de nos próprios. Mas somos nós; e não estamos sozinhos.

9.9.09

That is no country for old men. The young
In one another's arms, birds in the trees
- Those dying generations - at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.

An aged man is but a paltry thing,
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.

O sages standing in God's holy fire
As in the gold mosaic of a wall,
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.

Once out of nature I shall never take
My bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.

w.b.yeats - sailing to byzantium