A pior coisa que me podem fazer é obrigarem-me a levantar cedo. Para mim, menos de oito horas de sono é fatal com’ó destino. Primeiro que tudo eu sou uma fábrica de sonhos. Devo chegar a ter cerca de cinquenta por noite. Misturo tanto os sonhos que, quando acordo, sinto que tive apenas um. Um enublado uniforme de imagens soltas, todo ele feito de cenas bizarras e estranhas ligadas por um fio narrativo muito pouco (mas mesmo, MUITO pouco) coerente.
A cena fixe dos sonhos é que não seguem qualquer lógica temporal ou espacial, ou qualquer lógica que seja. Tanto podemos sonhar com a lasanha que comemos ao almoço, como com a nossa professora da terceira classe, como com um monstro verde que nos vai cortar as mãos. Ou ainda melhor, sonhar com tudo isto ao mesmo tempo.
Tive sonhos que nunca mais esqueci. Uma vez sonhei que conseguia aprender a voar, mas não era coisa fácil. Não andava ali feito super-homem. Não. A coisa tinha ciência (e muito mais piada). Era um processo que tinha tanto de físico quanto de mental. E eu flutuava (mais do que voava) devagar e de forma inconstante. Foi tão real, mas tão real, que quando a minha mãe me acordou eu gritei, MAS PORQUE É QUE ME ACORDASTE?! E tentei voltar a dormir para ver se o sonho continuava. Acabei por me levantar e ir para a escola.
É também por isto que eu não gosto de acordar. Tenho tantos sonhos e sou absorvido de tal maneira neles, que quando acordo não estou a 100% neste mundo. Demoro a sintonizar. Parece que levei um enxerto de porrada no meu mundo imaginário (e às vezes sou bem capaz de ter levado) porque acordo com uma sensação de quem teve a correr a maratona, ou num concurso de quem come mais panquecas, ou de quem esteve três dias seguidos no Vietname (do lado Americano para piorar) sem dormir e lá no meio da selva.
Resumindo, eu adoro sonhar, mas sonho demais.
Por isso Pai, eu sei que lês o blog, hoje não fui a economia às oito e meia da manhã mas, como vês, foi por uma óptima causa.
Biografia do autor
Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará
1 comment:
Nem me falem de sonhos...
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