Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

6.10.08

A sustentável leveza do ser

Aqui há coisa de uns dias, estava a entrar na faculdade quando passa uma rapariga por mim. No momento exacto em que nos cruzamos, sinto que caiu qualquer coisa. Paro e olho para o chão. Imediatamente ao meu lado (e em grande plano), brilhavam duas bonitas notas de vinte, ou seja, quarenta euros (eu sei, sempre brilhei na matemática). Automaticamente olho para a rapariga e reparo que ela já lá ia, feliz e contente, sem sequer ter dado conta do que se tinha acabado de passar.

Pausa.

Durante uma fracção de segundo, o meu (incrivelmente rápido) cérebro calcula todas as variáveis e chega à seguinte conclusão:
- Se quiseres, está safo. Não havia ninguém por perto, a rapariga já ia lançada. Dá-lhe a pisadela, apertas os sapatos, e como quem não quer a coisa, zimba lá com quarenta euros que hoje pago eu.

Nisto, já vendo o meu iate pairar nas aguas do Tejo, ou a minha viagem de três meses à India garantida, grito (sem saber bem porquê):

- "Olha! olhaaaaa!"

Mas qual olha qual quê! A jovem continuava o seu caminho, impávida e serena, sem sequer ter dado pela minha existência (shame on you!). Não só o meu acto de bom samaritano foi ignorado, como pela segunda vez no espaço de dez segundos, a tentação batia à porta, e agora, mais forte que nunca.

Pausa numero dois.

A minha cabeça roda novamente para os quarenta euros. Os olhos brilhavam. "Foi hoje!" Finalmente aconteceu-me a mim, o que por norma, só acontece aos outros. Um mundo de possibilidades abria-se à minha frente, o inicio da prosperidade, o luxo, um novo estatuto social, enfim, uma vida sem preocupações de qualquer tipo.

Resignado mas decidido, peguei nas notas, dirigi-me à rapariga e disse-lhe com um ar simpático e quase paternalista; - "Olha, deixaste cair isto.", estendendo em simultâneo as duas notas de vinte euros. Ela pega nas notas, olha para mim com ar entediado, vira costas, e segue tranquilamente. Nem um obrigado, nem um sorriso rasgado, nem um misero "devo-te a minha vida deixa-me pagar-te um jantar no Burj Al Arab hoje à noite."


40 euros mais leve, ri-me, virei costas, e segui.

2 comments:

Anónimo said...

atenção, a foto não é minha!
é da tal julia bla bla bla.
ultimamente o meu blog é mais como o meu scrapbook, tudo o q vejo e gosto vou guardando lá, pq se guardo no pc sei q eventualmente vou apagar sem querer (acontece SEMPRE).


Quanto aos 40 euros.. vês, foste parvo.

inês said...

lamento, mas eu não acho que tenhas sido parvo.

foste uma boa pessoa. não compensou desta vez, mas vai comprensar noutra qualquer em que vais receber muito mais que esses 40 euros...

quanto à menina.... quer ela queira quer não, deve-te a vida. ou pelo menos a carteira. mesmo não sabendo disso.