Café para acordar, um cigarro de enfiada. Aquele sono das onze não perdoa, venha lá mais um se faz favor. Ao mínimo stress, já temos outro cigarro em punho. E ainda outro para a sequela. A depressão não assusta! Temos comprimidos de todas as cores do arco-íris, formas e feitios. Há todo um leque por onde escolher. Até a nossa felicidade artificial já nos engana, e pior, já nos é suficiente.
Já nos tornámos quase tão mecânicos quanto a tecnologia. Exageramos tanto nos nossos hábitos que deles já não retiramos prazer, apenas apaziguamos o mais possível a nossa constante insatisfação. Estimulo, resposta. Parece que apesar de nos desenvolvermos cada vez mais, nós, tonarmos-nos ironicamente cada vez mais básicos.
Somos, sobretudo, seres sociais (mais uma palavra começada por "s"?). E tendemos, agora mais que nunca, para o isolamento. As pessoas têm medo de falar umas com as outras na rua, só querem chegar a casa e ligar a telenovela, sintonizar no canal e desligar do mundo. Isto claro, que sou eu que digo, um puto que não sabe nada da vida.
A parte mais triste, é que eu sei, que daqui a uns bons anos, devo ser exactamente tudo aquilo que agora repudio. Feliz e contente, por estar deitadinho e protegido do mundo na minha caminha XPTO. Dedicar a minha vida a um trabalho cuja diferença no mundo vai ser praticamente inexistente.
No final dos meus dias, já velho e cansado, vou olhar para trás e amargamente pensar,
ai! quando eu era jovem!
Biografia do autor
Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará
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