Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

23.9.11

em primeiro lugar

em primeiro lugar, eu amo-te. em segundo lugar, isso não vem em primeiro lugar mas eu amo-te. em terceiro lugar sabe que eu te amo. em quarto lugar não interessa saber interessa sentir mas eu amo-te. em quinto, desculpa. em sexto e sétimo e por aí fora desculpa. Em todo o resto nós sabemos, desculpa não chega mas eu amo-te.
perdi-me, estou perdido. Como um poema que exige ser relido lentamente. Lembras-te? Estou perdido, mas desta vez não num poema. Perdi-me numa equação com variáveis complexas. Ou complexas digo para me auto justificar, quando na verdade é simples, é básico, mas não para mim. Deixei de saber o que vem em primeiro lugar, em segundo ou em terceiro. Acho que muitas vezes - e embora não pareça - eu venho em último. Tu, eu e nós vimos em ultimo. E eu não percebo. Está tudo em primeiro, está tudo em último.

Não sei o que se passa, mas sei que não estou bem. Ou melhor, em quarto lugar eu não sei mas sinto.E é isso que interessa. Gostava de pegar no telefone e ligar a minha mãe, completamente aflito e perdido e sem saber o que fazer. Tal como o fiz sempre, mas não sabia. Sentia. E ela acalmava-me, mesmo que não dizendo nada, mesmo que apenas falando comigo em voz calma e terna, que me acalmava e segurava. Sou só o acumular de chamadas por fazer, de acalmias adiadas. Não sinto, mas sei.


Não estou calmo, nem seguro. Costumávamos ser sinónimos disso, mas eu perdi-me e estou perdido. Como na terra na qual passou um furacão: não exige ser reconstruída, exige ser recomeçada. E eu ainda não o percebi, ainda não tive a força. Nisto o meu tsunami constante desgasta-te, as tuas réplicas desgastam-me, e assim nos vamos – como dizes – lentamente desgastando entre ondas que momentaneamente nos deixam respirar.


Mas não chega. E eu quero-te comigo. Eu quero-te na minha vida, não poderia perder o meu bicho. E se o perder, talvez infantil e egoista, apesar de outras verdades, em primeiro lugar sabe - porque eu sei, e sinto - que te amo

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