Biografia do autor

Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará

13.6.09

Nietzsche matinal

Acendeu outro cigarro que fumou com desprezo e sem prazer. Não tinha dormido. O ar fresco da manha entrava timidamente pela janela. Repudiava-o. Ouvia repetidamente uma musica deprimente cuja letra nunca conseguira entender. Provavelmente, nem quem a escreveu percebe. Mas quando és artista, qualquer merda sem sentido torna-se profunda; pensou.

A sua melancolia forçada enterrava-o cada vez mais contra a almofada. A falta de postura fascinava-o. Um verdadeiro niilista de ocasião. E se Deus tinha mesmo morrido, Ele jazia agora ali; a fumar entediadamente a seu lado.

Há varias horas que devia estar a dormir. Sabia que os compromissos do dia seguinte não iam esperar por ele. Que se foda. Grunhiu ao mesmo tempo que sorria em tom provocante. Que se fodam os horários, os pequenos-almoços, que se fodam as expectativas e os resultados, que se fodam os hipócritas, os cultos, os reservados ou os activos, os saudáveis e as rotinas. Que te fodas tu que estás a ler este texto e a pensar que não devia ter usado esta palavra. Que se foda.

Riu mais uma vez e acendeu outro cigarro. Sentiu-se ensonado mas não podia dormir. Não agora.

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