Hoje, estava na aula de "métodos de uma pseudo-ciência qualquer muito parva e sem qualquer valor como a sociologia", quando me aconteceu um episódio engraçado. Primeiro tenho que explicar que a minha postura tem sido a seguinte: - se vou às aulas, é para estar atento. Se é para estar lá a dormir, prefiro dormir em casa. Por isso, estava na aula calado e a tirar apontamentos como de costume.
Nisto, a rapariga que estava ao meu lado (a margarida), olha para o relógio. A professora, vinda completamente do nada, vira-se para a minha colega num tom já bastante arrogante e diz: "mas você está com pressa? é que se está pode sair, não precisa de vir às minhas aulas.". Tanto eu quanto a Margarida ficámos em estado de choque. Eu, atónito, optei por ficar calado, as palavras fugiram também à margarida que nem sabia bem o que dizer ou pensar.
A aula continua. Reparo que a professora ficou visivelmente perturbada, exagera no gesticular e a voz treme-lhe constantemente. Em silencio total, escrevo no caderno que a professora deve bater mal da cabeça, e mostro (discretamente) o caderno à margarida. E o que fui eu fazer! O bicho entra outra vez de rompante, desta vez, dirigindo-se também a mim:
- "A passar bilhetinhos e a rirem-se?!?! Faz favor de sairem ou de se separarem". Nisto não me conti, e respondi no tom de voz mais dócil possível (para ver se a enervava ainda mais): - "Professora, nós não passámos nenhum bilhete, nem nos rimos". De olhos vermelhos de furia, a excelentíssima docente quase que engole as minhas palavras e tropeça ainda nas suas próprias silabas: "ASOKDAOKDAIAH!!!!!! OU MUDA DE CADEIRA OU SAI".
Levanto-me e vou para a cadeira do lado. Num tom de voz que roçou ainda a ironia, digo sem hesitar, "peço desculpa professora". Dito e feito, acordei a fera for good. De imediato, o vil e tenebroso ser larga o grito de guerra: - "O QUÊ?!?!?!". Como se eu tivesse retomado a batalha que apenas ela combatia. Eu repito, ainda mais devagar, "peço desculpa professora". A cara socióloga, desta vez atropelando-se a si mesma, responde (já olhando de lado e com desprezo) é bom que peça é.
Eu não tenho problemas em admitir quando faço merda. Mas neste caso, a razão está do meu lado. No final da aula, ainda fomos pedir desculpa, sem que no entanto existissse necessidade de o fazer.
Conclusão: O que eu não tenho é que aturar lutadoras de sumo cheias de complexos, que julgam que o mundo gira em função de si mesmas. Ou melhor, tenho que aturar, mas não gosto. A sociologia continua a ser das áreas mais ridículas de sempre, e o mais engraçado, é que estes goblins que andam por aí, e que se consideram os grandes donos e senhores da razão, uns empiristas de primeira categoria; realmente não interessam nem ao menino jesus. No final, acabam apenas por ser tudo aquilo que refutam com tanta convicção e perseverança:
- Vagos, confusos, subjectivos.
Agora, resta-me ter paciência nas próximas aulas e rezar para que a professora não encontre este blog durante os próximos seis meses.
Se por acaso isso acontecer... minha cara.. desculpe! mas eu não pago 350 euros por mês para mastigar caramelos.. muito menos aqueles que se colam nos dentes. Quem sabe, poderá fazer uma tese de doutoramento sobre isso! A sociologia, os caramelos que se colam nos dentes, e todos os processos e variáveis associados. Pano para mangas!
Biografia do autor
Nascido em 87, Nuno Dias Madureira é um idiota carismático. Com um leque variado de interesses, este jovem desenha impressionantes e meticulosos retratos, capazes de competir com as obras de uma criança de oito anos. Desde cedo se interessou pela escrita, plagiando com mestria vários trabalhos na escola. Actividade que viria a aperfeiçoar nos tempos de faculdade. Actualmente frequenta o mestrado Novos Media e Práticas Web na UNL, pelo que já recorre aos seus profundos conhecimentos de HTML e CSS sendo, nomeadamente, capaz de centrar uma imagem recorrendo ao código. No entanto, é no cinema que Nuno deposita as suas esperanças. Lynch, Godard, Jarmusch e Tarkovsky são algumas das referências do aspirante a realizador que nunca pegou numa câmara de filmar, e provavelmente nunca o fará
30.9.08
28.9.08
Dylan

And your sidewalk starts curlin’ and the street gets too long
And you start walkin’ backwards though you know that it’s wrong
And lonesome comes up as down goes the day
And tomorrow’s mornin’ seems so far away
And you feel the reins from your pony are slippin’
And your rope is a-slidin’ ’cause your hands are a-drippin’
And your sun-decked desert and evergreen valleys
Turn to broken down slums and trash-can alleys
And your sky cries water and your drain pipe’s a-pourin’
And the lightnin’s a-flashin’ and the thunder’s a-crashin’
The windows are rattlin’ and breakin’ and the roof tops are shakin’
And your whole world’s a-slammin’ and bangin’
And your minutes of sun turn to hours of storm
An’ to yourself you sometimes say
“I never knew it was gonna be this way
Why didn’t they tell me the day I was born?”
And you start gettin’ chills and you’re jumpin’ from sweat
And you’re lookin’ for somethin’ you ain’t quite found yet
And you’re knee-deep in dark water with your hands in the air
And the whole world’s watchin’ with a window peek stare
And your good gal leaves and she’s long gone a-flyin’
And your heart feels sick like fish when they’re fryin’
And your jackhammer falls from your hands to your feet
But you need it badly an’ it lays on the street
And your bell’s bangin’ loudly but you can’t hear its beat
And you think your ears mighta been hurt
Your eyes’ve turned filthy from the sight-blindin’ dirt
And you figured you failed in yesterday’s rush
When you were faked out an’ fooled while facin’ a four flush
And all the time you were holdin’ three queens
It’s makin you mad, it’s makin’ you mean
Like in the middle of Life magazine
Bouncin’ around a pinball machine
And there's something on yer mind you wanna be saying
That somebody someplace oughta be hearin'
But it's trapped on yer tongue and sealed in yer head
And it bothers you badly when your layin' in bed
Bob Dylan - Last thoughts on Woody Guthrie.
Tirei um excerto, o original tem cinco páginas. Este foi dos textos mais incríveis que eu já li (obrigado vascão!)
Para ouvirem (it's worth it):
http://www.youtube.com/watch?v=p3U1I-ELJ6g
Texto completo aqui:
http://bobdylan.com/#/songs/last-thoughts-woody-guthrie
Recomendo também o filme I'm Not There, e claro, toda a musica deste grande senhor.
27.9.08
Ideal
Eu até que nem sou exigente. A mim? Haa.. A mim chega-me uma rapariga que toque baixo. Que ouça Patti Smith enquanto tenta uma receita nova, dançando descalça pela cozinha. A t-shirt velha, o cigarro que descai sempre da mão. Sim, para mim é o mínimo dos mínimos. Morena, cabelo comprido e despenteado, com mãos finas e expressivas.
Ela viaja e passeia sozinha, ao fim da tarde, vai para a praia ler um livro. Independente, mete conversa com tudo o que mexe. Escava e desliza pelo mundo. Uma mulher simples, é o que se quer. O bom gosto disfarçado nos pormenores, a subtileza. O sentido de humor, sempre atrelado àquele carinho especial pela parvoíce. A convicção e o gosto pela musica, a capacidade de argumentar.
O pouco satisfaz-me. Apenas exijo um pescoço apetecível, um sorriso bonito. O refutar da mariquice e o culto ao inesperado. Os movimentos delicados, os hábitos e tiques irreversivelmente vincados. Aquele CD dos beach boys que ouve quando guia. Ah.. e que faz também questão de cantar em plenos pulmões.
O lento fechar de olhos quando mergulha os lábios no café da manhã. Eu só quero alguém que se saiba divertir, que tenha os seus amigos. Que seja apaixonada pela vida sem que no entanto, lhe dê um valor exagerado. Alguém estimulante, que tenha algo para ensinar e muito para aprender.
Eu estou tão parvo quanto vocês (Atenção: verbo estar e não o verbo ser!)
Como é que eu ainda não a encontrei!?
Ela viaja e passeia sozinha, ao fim da tarde, vai para a praia ler um livro. Independente, mete conversa com tudo o que mexe. Escava e desliza pelo mundo. Uma mulher simples, é o que se quer. O bom gosto disfarçado nos pormenores, a subtileza. O sentido de humor, sempre atrelado àquele carinho especial pela parvoíce. A convicção e o gosto pela musica, a capacidade de argumentar.
O pouco satisfaz-me. Apenas exijo um pescoço apetecível, um sorriso bonito. O refutar da mariquice e o culto ao inesperado. Os movimentos delicados, os hábitos e tiques irreversivelmente vincados. Aquele CD dos beach boys que ouve quando guia. Ah.. e que faz também questão de cantar em plenos pulmões.
O lento fechar de olhos quando mergulha os lábios no café da manhã. Eu só quero alguém que se saiba divertir, que tenha os seus amigos. Que seja apaixonada pela vida sem que no entanto, lhe dê um valor exagerado. Alguém estimulante, que tenha algo para ensinar e muito para aprender.
Eu estou tão parvo quanto vocês (Atenção: verbo estar e não o verbo ser!)
Como é que eu ainda não a encontrei!?
Subscribe to:
Posts (Atom)